terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O verbo "Espilrar"

Eu sei que tenho umas manias de que sei muito sobre Língua Portuguesa. Mas não, até dou uns pontapés na pobre Senhora, de quando em vez. No entanto, acho curiosa a criatividade que existe por aí, desenvolvendo novos termos a partir de vocábulos do português comum e que, necessariamente, terão que ser traduzidos de novo para este idioma. Posso dar alguns exemplos...
Para começar, e dando azo ao título, que me inspirou para este devaneio: o verbo espilrar, ou melhor dito, espillrrrar, porque é preciso carregar nas consoantes. O uso do verbo é fácil, usa-se como espirrar, de espirro, sinónimo pouco conhecido de esternuto. Assim, pode dizer-se "sô dôtor, eu espillrro muuuito, deve ser do pó q'anda lá p'lo trabalho..." Talvez fosse difícil recriar o verbo a partir de esternuto - por exemplo, esternutar. Não tem tanto estilo, é bom que se perceba: a meio da palavra, já enrolei a língua, não ia lá, de certeza.
Depois, há sempre as famosas prostas ou proskas, numa versão mais a leste (não sei de quê). Pronto, é difícil falar de certos problemas, mais abaixo no corpo, que vão surgindo com a idade. Os homens, simplesmente, estão menos habituados a revelar as suas emoções. Mas é assim, estas coisas acontecem, e não é razão para se comerem partes das palavras, não vale a pena e não resolve nada - a próstata e os seus quês continuam lá.
Eu também me alimento de sílabas, basta pedirem-me para nomear aquele objecto onde se guardam coisas a temperaturas frescas - figorifco ou qualquer coisa do género - ou o objecto que usamos para conversar a longas distâncias (o mais antigo, já que o novo não me causa problemas) - tefone (muito mais rápido de dizer, né?). Sei que é assim, mas a escrever, deixo as letras todas no papel (ou no ecran). É só um poblema (lá estou outra vez com fome...) de dicção.
Mas voltando à glândula masculina... Custa-me a crer que as pessoas não leiam o que vem escrito nos exames (a computador, claro - em letra de médico, eu percebia qualquer erro). Eu, pelo menos, sou muito cusca... E lá, as coisas vêm escritas como deve ser.
Um outro exemplo típico é o taco, ou talvez seja t.a.c.o., já que é uma abreviatura. Mas aí, eu até percebo - no exame, vem escrito em extenso (Tomografia Axial Computorizada) e os médicos nem sempre sabem falar. Não é preciso ir longe para ver um exemplo...
Além disso, os "sô dôtores" estão sempre a dar caneladas, traulitadas e outros maus-tratos à língua-Mãe. Quantas vezes vi escrito hemorregia, formas verbais terminadas em dois-esses-é que estavam escritas com tracinho-tê, ou o contrário, às e 's e ás atirados ao acaso, etc, etc.
[Pronto, irmã, eu uso muitas vírgulas, já sei, e escrevo frases complicadas, mas isso é efeito da minha habitual confusão mental, já sabes! Mas não separo o sujeito do predicado por vírgulas, hihihi...]
A mim parece-me que temos mesmo muito jeito para criar novas coisas, entre elas, novas palavras. Só me preocupa é o facto de podermos (não sei...) dificultar ainda mais a comunicação. Se já é difícil partilhando a mesma língua...

NOTA - A pseudo-autora não se responsabiliza por qualquer trapalhada linguística, gramatical ou literária, que se apresente acima. Mas aceita que apontem erros de qualquer género, até porque fica mal não o fazer, depois de tanto massacre a quem gosta de alargar os seus vocábulos de um modo tão interessante.

4 comentários:

Anadosol disse...

Exímios na língua, só mesmo os "cromanhons intelectuais". Toda a gente comete erros, uns mais outros menos graves. Mesmo assim, há uns que de tão graves serem mereciam com sabão azul na boca e ratoeiras nos dedos.
De qualquer forma acho que esta pseudo dislexia que nos ataca os vocábulos deve-se única e exclusivamente ao nosso apetite voraz. Comilonas que somos, atacamos tudo e algumas letras são apanhadas nesta correria linguística, originando uma sopa de letras deliciosa.
O teu "tefono" é famoso por aqui, mas deixa tar que as minhas trocas e baldrocas também me fazer corar em situações mais formais e noutras mijar a rir que nem uma perdida.

Jocas.

PS: se há coisa que eu abomino é o a com ou sem "H - agá", com acento virado pra meca ou sem meca, e o a gente fomos, a gente vimos, a gente falamos... Bah!

Ainda vai sair "posta" sobre o AGÁ!!

? disse...

Em acrescento... AS ARGÁLIAS!

Esta já é velha, e está no mesmo rol com as "prostas"... É lá de baixo, e enfia-se onde não se quer... E a culpa é dos profissionais, que as põem nos doentess e que nem sabem dizer aos doentes que é algália. E calhar, vai na volta, é um termo que vem do árabe, como alguidar, Algarve... E o que quererá dizer a "gália"???

PS - Sim, "sô, pro'ssora", faça, sff, uma grande posta, fresquinha, sobre hhhhhhhhhhhhhs...

Nani disse...

xiii...
... não vou dizer nada ... ainda hoje tenho dificuldade com os "hás" e os "às" .... menos com os "ás" porque não os uso!!!
Virgulas é quando me apetece!
:S

Inês disse...

Ontem liguei para um senhor que trabalha comigo que foi parar ao hospital e perguntei-lhe se já tinha sido atendido ao que ele respondeu: "já passei a tiragem agora vou ser atendido pelo médico..."... Tiragem também substitui muito bem triagem :P