Eu sei que tenho umas manias de que sei muito sobre Língua Portuguesa. Mas não, até dou uns pontapés na pobre Senhora, de quando em vez. No entanto, acho curiosa a criatividade que existe por aí, desenvolvendo novos termos a partir de vocábulos do português comum e que, necessariamente, terão que ser traduzidos de novo para este idioma. Posso dar alguns exemplos...
Para começar, e dando azo ao título, que me inspirou para este devaneio: o verbo espilrar, ou melhor dito, espillrrrar, porque é preciso carregar nas consoantes. O uso do verbo é fácil, usa-se como espirrar, de espirro, sinónimo pouco conhecido de esternuto. Assim, pode dizer-se "sô dôtor, eu espillrro muuuito, deve ser do pó q'anda lá p'lo trabalho..." Talvez fosse difícil recriar o verbo a partir de esternuto - por exemplo, esternutar. Não tem tanto estilo, é bom que se perceba: a meio da palavra, já enrolei a língua, não ia lá, de certeza.
Depois, há sempre as famosas prostas ou proskas, numa versão mais a leste (não sei de quê). Pronto, é difícil falar de certos problemas, mais abaixo no corpo, que vão surgindo com a idade. Os homens, simplesmente, estão menos habituados a revelar as suas emoções. Mas é assim, estas coisas acontecem, e não é razão para se comerem partes das palavras, não vale a pena e não resolve nada - a próstata e os seus quês continuam lá.
Eu também me alimento de sílabas, basta pedirem-me para nomear aquele objecto onde se guardam coisas a temperaturas frescas - figorifco ou qualquer coisa do género - ou o objecto que usamos para conversar a longas distâncias (o mais antigo, já que o novo não me causa problemas) - tefone (muito mais rápido de dizer, né?). Sei que é assim, mas a escrever, deixo as letras todas no papel (ou no ecran). É só um poblema (lá estou outra vez com fome...) de dicção.
Mas voltando à glândula masculina... Custa-me a crer que as pessoas não leiam o que vem escrito nos exames (a computador, claro - em letra de médico, eu percebia qualquer erro). Eu, pelo menos, sou muito cusca... E lá, as coisas vêm escritas como deve ser.
Um outro exemplo típico é o taco, ou talvez seja t.a.c.o., já que é uma abreviatura. Mas aí, eu até percebo - no exame, vem escrito em extenso (Tomografia Axial Computorizada) e os médicos nem sempre sabem falar. Não é preciso ir longe para ver um exemplo...
Além disso, os "sô dôtores" estão sempre a dar caneladas, traulitadas e outros maus-tratos à língua-Mãe. Quantas vezes vi escrito hemorregia, formas verbais terminadas em dois-esses-é que estavam escritas com tracinho-tê, ou o contrário, às e há's e ás atirados ao acaso, etc, etc.
[Pronto, irmã, eu uso muitas vírgulas, já sei, e escrevo frases complicadas, mas isso é efeito da minha habitual confusão mental, já sabes! Mas não separo o sujeito do predicado por vírgulas, hihihi...]
A mim parece-me que temos mesmo muito jeito para criar novas coisas, entre elas, novas palavras. Só me preocupa é o facto de podermos (não sei...) dificultar ainda mais a comunicação. Se já é difícil partilhando a mesma língua...
NOTA - A pseudo-autora não se responsabiliza por qualquer trapalhada linguística, gramatical ou literária, que se apresente acima. Mas aceita que apontem erros de qualquer género, até porque fica mal não o fazer, depois de tanto massacre a quem gosta de alargar os seus vocábulos de um modo tão interessante.
4 comentários:
Exímios na língua, só mesmo os "cromanhons intelectuais". Toda a gente comete erros, uns mais outros menos graves. Mesmo assim, há uns que de tão graves serem mereciam com sabão azul na boca e ratoeiras nos dedos.
De qualquer forma acho que esta pseudo dislexia que nos ataca os vocábulos deve-se única e exclusivamente ao nosso apetite voraz. Comilonas que somos, atacamos tudo e algumas letras são apanhadas nesta correria linguística, originando uma sopa de letras deliciosa.
O teu "tefono" é famoso por aqui, mas deixa tar que as minhas trocas e baldrocas também me fazer corar em situações mais formais e noutras mijar a rir que nem uma perdida.
Jocas.
PS: se há coisa que eu abomino é o a com ou sem "H - agá", com acento virado pra meca ou sem meca, e o a gente fomos, a gente vimos, a gente falamos... Bah!
Ainda vai sair "posta" sobre o AGÁ!!
Em acrescento... AS ARGÁLIAS!
Esta já é velha, e está no mesmo rol com as "prostas"... É lá de baixo, e enfia-se onde não se quer... E a culpa é dos profissionais, que as põem nos doentess e que nem sabem dizer aos doentes que é algália. E calhar, vai na volta, é um termo que vem do árabe, como alguidar, Algarve... E o que quererá dizer a "gália"???
PS - Sim, "sô, pro'ssora", faça, sff, uma grande posta, fresquinha, sobre hhhhhhhhhhhhhs...
xiii...
... não vou dizer nada ... ainda hoje tenho dificuldade com os "hás" e os "às" .... menos com os "ás" porque não os uso!!!
Virgulas é quando me apetece!
:S
Ontem liguei para um senhor que trabalha comigo que foi parar ao hospital e perguntei-lhe se já tinha sido atendido ao que ele respondeu: "já passei a tiragem agora vou ser atendido pelo médico..."... Tiragem também substitui muito bem triagem :P
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