Hoje, a noite foi má, muito má, e o despertar muito estranho. É que, por uma vez (rara, muito rara), fiquei contente em ouvir o despertador.
Vou ser sincera... Sim, tenho traumas de infância. Por vezes, era preciso ser chantageada para fazer certas coisas, ou então, tinha de receber largas contrapartidas.
O meu maior medo não era que os crocodilos do chão me apanhassem e dessem uma dentada, se não fosse de tapete em tapete (quais ilhas), para apagar a luz. Nem era levar uma palmada quando me portava mal (aliás, a perda dessa tradição, nos dias de hoje, daria muito que falar, mas não agora).
Era... sim... ir ao dentista, aquele homem que me fazia tremer (na altura não me lembro de mulheres nessa actividade terrífica, feitas bruxas loucas), tanto de medo como pelo efeito vibratório daquelas brocas enormes. Hoje, as brocas são mais pequenas (proporcionalmente), mas o medo é igual, quiçá maior, tendo a conta a acumulação de estragos bocais, que me levam a antever muitos momentos na cadeira do terror.
E com tudo isto, chego à madrugada de hoje...
O dentista era alguém que conheço e que, na realidade, não trata de bocas, não sei em que parte do meu inconsciente fui buscá-lo, mas algum psicanalista um dia me poderá dizer.
Do que me lembro, até foi simpático, e eu sentei-me voluntariamente (!) na cadeira... Entretanto, tinha uma cárie num dente (coisa que é rara, acho eu...), um daqueles que já me obrigou a sofrer acordada, e que, supostamente, está desvitalizado (eu não acredito neles, é ponto assente). E o tal tinha uma cárie mesmo ao pé da gengiva, onde eu nem conseguia ver - mas doía.
Então, meteu-me uma daquelas "placas" que têm que se morder. E enquanto estava assim, comecei a preocupar-me, porque ele encheu uma seringa gigante com anestesia, mas em vez de a espetar na minha gengiva (o que seria verdadeiramente doloroso, mas depois teria como resultado não doer nada, durante várias horas, além de me babar abundantemente), não, esguichou indiscriminadamente para dentro da boca, como se isso fosse ter algum efeito.
Já me estava a preparar para grandes dores, brocas, vibrações, urros e saltos da cadeira (sim, eu faço isso, e tento-me agarrar aos braços da mesma, para me controlar, mas nem sempre consigo) quando... ele me diz para tirar a tal "plaquinha". Sim, é ela a culpada!!! É que agarrada a ela, vinha o dente da cárie... e vi os mil buraquinhos que as bactérias tinham feito nele!
NOTA: o dente é daqueles 6 da frente, em cima, essencial para um mínimo de sorriso, ou um sorriso mínimo, não sei se estão a ver...
Mas o pesadelo não tinha acabado... Todos os dentes com cáries estavam agora na minha boca, libertos, como se aí tivesse enfiado pedrinhas (ou contas de vidro da minha sis). Nojo. E eu ia-os tirando 1 a 1, em pânico, e ia-os pondo em fila naquele paninho azul onde nos autorizam a deixar a baba... Degradante.
O DESPERTADOR TOCOU. Tacteei a boca e senti os meus marfins no sítio. Por uma vez, quase beijei aquela coisa que me acorda todos os dias, e que me apetece atirar contra a parede. Obrigada, relógio da manhã!
O meu consciente já conseguiu explicar as reminescências inconscientes desta narrativa. Ando há mais de 1 ano a evitar o meu maior inimigo... E sei que não posso adiar muito mais, as consequências começarão a ser desastrosas. Nem quero pensar...
Mas o pesadelo não tinha acabado... Todos os dentes com cáries estavam agora na minha boca, libertos, como se aí tivesse enfiado pedrinhas (ou contas de vidro da minha sis). Nojo. E eu ia-os tirando 1 a 1, em pânico, e ia-os pondo em fila naquele paninho azul onde nos autorizam a deixar a baba... Degradante.
O DESPERTADOR TOCOU. Tacteei a boca e senti os meus marfins no sítio. Por uma vez, quase beijei aquela coisa que me acorda todos os dias, e que me apetece atirar contra a parede. Obrigada, relógio da manhã!
O meu consciente já conseguiu explicar as reminescências inconscientes desta narrativa. Ando há mais de 1 ano a evitar o meu maior inimigo... E sei que não posso adiar muito mais, as consequências começarão a ser desastrosas. Nem quero pensar...
É que é pior do que ir ao ginecologista. Sim, que os medos que vêm da infância são muito mais poderosos e profundos, e não conseguimos (pelo menos eu) racionalizá-los. Aquela broca, por mais anestesias que leve, será sempre aterradora.
4 comentários:
oooooh, sim1 sei muito bem do que estás a falar... qd estou à espera da consulta e ouço aquele ruído ja começo a ficar nervosa!!!!
bjnh
Sei do quer falas...
Quando era mais pequena fiz com que um dentista demorasse duas horas e meia até me conseguir arrancar um dente loool
Segundo alguns livros de interpretação de sonhos que tenho aqui aos pontapés:
"Ir ao dentista para tratar dos dentes prenuncia um período de muita sorte."
"Se você viu os próprios dentes, em sonho, prepare-se para assumir grande responsabilidade"
"dentes podres indicam enfermidade grave de pessoa muito querida; dentes obturados pressagiam que bons tempos estão por vir; dentes doentes que foram arrancados, surgirão boas oportunidades de emprego ou nos negócios; dentes sujos ou cariados, o conselho é que dê mais atenção à saúde"
Agora vê lá o que aconteceu a seguir e diz-me...até quero ver se é verdade.
Bjs
Ora, hummm, deixa ver...
O meu sonho passou por todas as imagens que descreves, mas a que fica na memória é ter ficado sem dentes, e estarem, todos eles, podres, na bandeja!
Mas se o significado disso é... "dentes doentes que foram arrancados, surgirão boas oportunidades de emprego ou nos negócios", tendo em conta a quantidade... Vou ficar rica!
LOLOLOL
Beij RI
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