Todos os anos, os mesmos símbolos da mesma ilusão, passas e champanhe.
Reduzimos os nossos desejos e motivações a um fruto desidratado, em 12 unidades ingeridas compassadamente ao som de 12 badaladas (quando já quase nem há sinos...), e a um brinde de um líquido burbulhante, após evitar levar com a rolha na testa. Sem esquecer um gesto: o primeiro passo com o pé direito (talvez seja preferível saltar, de maneira a não errar no pé, o que é provável com algum álcool...).
O mais estranho é acharmos que uma noite de farra, como geralmente é, vai ser o início de alguma Coisa Grande. No fundo, a mudança de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro é apenas a escolha de "mais do mesmo". As decisões fazem-se todos os dias, a horas diversas, e de acordo com a vida de cada um.
Se mudar de ano fosse um passe de magia, ou um momento coincidente com um fenómeno natural ou humanamente programado, verdadeiramente importante para alterar o girar do mundo... Não, nada disso. É um dia a mais que o anterior na vida de cada um. E esse dia não fará, de certeza, a diferença para todos, ao mesmo tempo. E felizmente... Porque somos todos diferentes, acho eu. Porque teríamos todos de coincidir nesse segundo para as nossas mudanças?
O que nos faz realmente motivar para a mudança? Existem muitas teorias e supostos passos para atingir o êxito, mas não sei... Não me parece que se possa abarcar a complexidade de factores condicionantes da nossa vida num pressuposto científico que nos tiraria o livre arbítrio da escolha. Ou, pelo menos, quero ter esse poder, já que outros não tenho.
Podemos ser obrigados a mudar, basta querermos seguir em frente e haver uma parede que não conseguimos subir. Ou... somos levados a mudar, se por exemplo estivermos a seguir em frente e levarmos um encontrão para um dos lados, ou tropeçarmos num degrau, ou escorregarmos numa casca de banana (não é difícil...). São os escolhos do caminho que não nos deixam seguir a linha traçada.
E quando, por qualquer coisa que não o acaso da passagem daquele segundo para o seguinte, decidimos mudar, isso não ocorre do pé para a mão (interessante conjugação de palavras). Quantas vezes não caimos no mesmo erro, qual sinapse fortalecida por um cérebro menos plástico do que queríamos? Mudar custa e demora. Se fosse simples e fácil, todos mudavam o que não gostam em si e nos outros. As decisões de mudança são tudo menos 12 passas, champanhe e um passo com o pé direito.
As ilusões de mudança servem para nos sentirmos melhor connosco próprios, ter a suposta noção de que controlamos alguma coisa, que podemos melhorar, e que os compromissos que fazemos são cumpridos. É auto-psicologia.
São necessárias as ilusões, mas a realidade é o que temos e é o que nos deve fazer seguir em frente.
Assim, BOM ANO NOVO e OLÁ NOVA-VELHA REALIDADE!
Reduzimos os nossos desejos e motivações a um fruto desidratado, em 12 unidades ingeridas compassadamente ao som de 12 badaladas (quando já quase nem há sinos...), e a um brinde de um líquido burbulhante, após evitar levar com a rolha na testa. Sem esquecer um gesto: o primeiro passo com o pé direito (talvez seja preferível saltar, de maneira a não errar no pé, o que é provável com algum álcool...).
O mais estranho é acharmos que uma noite de farra, como geralmente é, vai ser o início de alguma Coisa Grande. No fundo, a mudança de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro é apenas a escolha de "mais do mesmo". As decisões fazem-se todos os dias, a horas diversas, e de acordo com a vida de cada um.
Se mudar de ano fosse um passe de magia, ou um momento coincidente com um fenómeno natural ou humanamente programado, verdadeiramente importante para alterar o girar do mundo... Não, nada disso. É um dia a mais que o anterior na vida de cada um. E esse dia não fará, de certeza, a diferença para todos, ao mesmo tempo. E felizmente... Porque somos todos diferentes, acho eu. Porque teríamos todos de coincidir nesse segundo para as nossas mudanças?
O que nos faz realmente motivar para a mudança? Existem muitas teorias e supostos passos para atingir o êxito, mas não sei... Não me parece que se possa abarcar a complexidade de factores condicionantes da nossa vida num pressuposto científico que nos tiraria o livre arbítrio da escolha. Ou, pelo menos, quero ter esse poder, já que outros não tenho.
Podemos ser obrigados a mudar, basta querermos seguir em frente e haver uma parede que não conseguimos subir. Ou... somos levados a mudar, se por exemplo estivermos a seguir em frente e levarmos um encontrão para um dos lados, ou tropeçarmos num degrau, ou escorregarmos numa casca de banana (não é difícil...). São os escolhos do caminho que não nos deixam seguir a linha traçada.
E quando, por qualquer coisa que não o acaso da passagem daquele segundo para o seguinte, decidimos mudar, isso não ocorre do pé para a mão (interessante conjugação de palavras). Quantas vezes não caimos no mesmo erro, qual sinapse fortalecida por um cérebro menos plástico do que queríamos? Mudar custa e demora. Se fosse simples e fácil, todos mudavam o que não gostam em si e nos outros. As decisões de mudança são tudo menos 12 passas, champanhe e um passo com o pé direito.
As ilusões de mudança servem para nos sentirmos melhor connosco próprios, ter a suposta noção de que controlamos alguma coisa, que podemos melhorar, e que os compromissos que fazemos são cumpridos. É auto-psicologia.
São necessárias as ilusões, mas a realidade é o que temos e é o que nos deve fazer seguir em frente.
Assim, BOM ANO NOVO e OLÁ NOVA-VELHA REALIDADE!
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